É necessário tomar muito cuidado com o que se coloca no currículo ou se diz em entrevistas de emprego. Pessoas estão sendo demitidas por justa causa por conta de mentiras contadas para o patrão, mesmo depois de permanecerem por muito tempo na empresa.
E quanto o impasse vai parar na Justiça, o cenário não tem favorecido o trabalhador. “Ainda não há uma resposta que prevaleça no Judiciário. Mas a tendência é que mentir no currículo pode dar justa causa”, diz o juiz do Trabalho Marcos Scarlecio.
Um caso polêmico foi julgado pelo tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (TRT-15), que atende a região de Campinas. O funcionário tinha mais de dez anos na firma e foi alvo de denúncia anônima, pois na época da contratação, em 2007, disse que tinha Ensino Médio, uma das exigências da vaga, e ainda apresentou diploma falso.
A empresa abriu sindicância interna pra apurar os fatos depois da denúncia. Após a comprovação da história, o empregado foi desligado.
A demissão ocorreu no ano passado. O trabalhador entrou com uma ação pedindo a reintegração ao cargo, mas não teve sucesso.
A atitude dele foi considerada de “extrema gravidade” pelo relator do processo, desembargador Manuel Soares Ferreira Carradita, da 2ª Seção de Dissídios Individuais do TRT-15.
“O que ocorre, nesses casos, é uma falta grave. Houve a quebra de confiança na relação entre as partes e a punição tem sido a demissão por justa causa. Está previsto na legislação trabalhista”, explica a advogada do Demarest Advogados, escritório que atendeu a empresa, Graziela Mellis.
Outro ponto destacado nesse caso pelo advogado e diretor do CEU Law School, Décio Daidone Júnior, é a apresentação de um documento falso. “Além da justa causa por falta grave ele poderá ainda responder na esfera criminal por isso”.
Em outra decisão, publicada na terça-feira passada (17) pela Justiça de Hortolândia, na região de Campinas, também manteve-se a demissão por justa causa com base na quebra de confiança, conta a especialista. “Há mais de 50 pessoas na mesma situação na região e o Poder Judiciário tem se posicionado dessa forma nessas ações”.
A dica é uma só: ser honesto e colocar somente informações reais no currículo. Afinal, candidato que é flagrado mentindo corre o risco de entrar na lista de ‘nãos’ das empresas recrutadoras.
Fonte: A Tribuna